Diz-se por aí que o brasileiro é apaixonado carros. De certo modo isso é verdade. Porém muitos apreciam, mais que o carro em si, o status que ele proporciona. Para estes, nada causa melhor impressão que um carro novo, mesmo que de modelo mais simples.
Mas o mercado de carros novos já teve dias melhores. Com a instabilidade econômica e a alta dos juros, as vendas de 2015 caíram cerca de 25% em relação ao ano passado. Para os seminovos não foi muito diferente. Já os modelos antigos parecem ver a crise mais de longe.
O nosso mercado de clássicos ainda é relativamente pequeno, mas não para de crescer. Os verdadeiros apaixonados por carros vão muito além do status para eleger suas preferências. Vale mais a experiência que eles proporcionam. Pode ser o primeiro carro que dirigiram, aquele que sonhavam ter quando mais jovens, ou simplesmente um modelo histórico, que marcou época. Há ainda os que apreciam o prazer de dirigir sem interferências de "babás eletrônicas" como ABS, controle de tração, câmbio automático, etc.
Estas pessoas veem nos carros clássicos uma forma de expressar sua personalidade, contar a sua história, reviver uma época. Com os modelos novos cada vez mais parecidos entre si, um carro antigo dificilmente passa despercebido no trânsito. Mas o que faz um carro clássico ou antigo ser diferente de um carro velho?
O ponto principal, claro, é o estado de conservação. Quanto maior a idade, maiores os cuidados necessários e as dificuldades de se encontrar peças de reposição ou mesmo mão de obra especializada. Isso leva muitos donos a relaxarem na manutenção e o candidato a clássico acaba se tornando, literalmente, uma lata velha.
Outro aspecto importante diz respeito à originalidade. Carros clássicos são como personagens históricos. Alguns são verdadeiras obras de arte. Se estiverem incompletos, com peças de outros modelos ou, pior, com itens de outras marcas, o seu valor cai significativamente. Sim, existem alguns estilos que permitem modificações, mas são um caso à parte.
A história do automóvel tem pouco mais de um século, e quanto mais raro e original é o carro, maior o seu valor de mercado. Nos Estados Unidos, país em que essa cultura está mais desenvolvida, alguns modelos específicos podem ultrapassar a cifra dos dois milhões de dólares em leilões. Nada mal para uma “lata velha”, hein?!
Ainda estamos longe disso, mas já existem clássicos nacionais que alcançam valores similares aos de modelos novos equivalentes. E enquanto o novo desvaloriza em torno de 20% no primeiro ano e uma média de 10% nos anos seguintes, os clássicos tendem a valorizar ao longo do tempo, o que pode transformá-los em ótimos investimentos.
Ao contrário do que muitos pensam, a sua manutenção nem sempre é cara, embora exija mais atenção. Se tiver mais de 20 anos, fica isento do pagamento de IPVA. Depois dos 30, pode requerer a famosa placa preta, que na prática é um atestado de procedência e originalidade, que aumenta ainda mais o seu valor.
Especialistas chamam a atenção para um fenômeno que tende a animar esse mercado. Tem a ver com o avanço tecnológico. Ocorre que a quantidade cada vez maior de dispositivos eletrônicos integrados faz com que os veículos modernos tenham prazo de validade. Com o passar dos anos, a tendência é que tais dispositivos passem a desenvolver problemas virtualmente sem solução, inviabilizando o seu uso.
Em outras palavras, os clássicos serão cada vez mais raros (e caros). Garanta logo o seu!